Títulos de Capitalização: fuja dessa!

Vamos começar do básico e com o principal conceito que você precisa entender sobre os títulos de capitalização: eles NÃO são uma espécie de investimento.


Por mais que seu gerente, o funcionário do banco, o Silvio Santos (Telesena) ou sua tia falem que os títulos de capitalização são um bom investimento, acredite, ELES NÃO SÃO! Na verdade eles são a melhor forma da instituição financeira tirar dinheiro de você.


Se você ainda não está convencido, quem sabe lendo declaração da própria Caixa Econômica Federal em seu site, em louvável momento de sincericídeo:

Esclarecido? Título de capitalização não é investimento!


Título de capitalização nada mais é do que um título de crédito comercializado por instituições financeiras ou de capitalização com o objetivo de se capitalizar, isto é, obter dinheiro no mercado para utilização em suas finalidades comerciais. Para fomentar sua aquisição pelo público tornou-se habitual o oferecimento de prêmios aos adquirentes, correspondendo a verdadeira loteria travestida de aplicação financeira.


Não há nenhum problema nisso. O problema reside no fato do mesmo ser vendido, na imensa maioria das vezes, como bom investimento...


Nosso conceito de investimento é conflitante com o que os títulos de capitalização se configuram. Para nós, investimento é aquilo que dá ao indivíduo a real possibilidade de multiplicação de seu patrimônio, excluído o evento sorte.


A única hipótese que um título de capitalização pode proporcionar ganho financeiro é na eventualidade, remota, do indivíduo ser sorteado para algum prêmio. A Loteria também confere esta possibilidade, porém ninguém a toma como investimento...


E como funciona o título de capitalização? Os valores aportados pelo "investidor", em regra, são divididos em três partes: a parte a ser capitalizada, a parte de sorteio e a taxa administrativa. Ao fim do plano, ou após o período de carência, o "investidor" só terá direito a resgatar a parte referente a capitalização. A parte de sorteio é destinada ao pagamento dos prêmios oferecidos (e ganhos por parcela ínfima dos participantes) e a taxa de administração é destinada a remunerar a empresa que administra o título.


E quais seriam estes percentuais? Para fornecermos uma informação fidedigna ao nosso leitor, analisamos o contrato de título de capitalização mais claro que encontramos: O Super Cap do Santander.


Referido título possui o prazo de 60 meses, sendo certo que caso o "investidor" decida sacar o valor antes do fim, sofrerá pesadas retenções em seus depósitos. Ao final deste prazo, o "investidor" recebe 74,14% do total investido, atualizado mensalmente pela TR (Taxa referencial de juros) e juros de 0,5%. O restante do valor pago pelo "investidor" se divide entre taxas administrativas (18,7070%) e premiação oferecida aos participantes (7,153%).


Importante destacar que os demais títulos analisados seguem este mesmo padrão (CEF e Bradesco), isto é, além do dinheiro ficar "imobilizado" pelo longo prazo de 5 (cinco) anos, em média, menos de 75% do valor investido retornam ao indivíduo. E com correção nos termos da poupança.


A TeleSena, título de capitalização do "homem do baú", é ainda menos generosa com o "investidor", pois, após 1 (um) ano, devolve apenas 50% do valor pago, corrigida pela TR e juros de 0,08% ao mês. Isso mesmo! Juros de 0,08% ao mês. Dos 50% retidos pela empresa de capitalização, 8,77% são distribuídos em prêmios e 41,23% são taxa de carregamento (administração).


Assim, tirando a remotíssima hipótese de ser contemplado em algum dos sorteios realizados, é fácil perceber que os títulos de capitalização são a melhor forma de perder dinheiro e enriquecer o sistema financeiro.


Em resumo: seu dinheiro fica imobilizado por longo prazo (em média 5 anos) e, no final, você recebe parcela do valor pago, sem praticamente qualquer correção. É pior do que a poupança!


Mais impressionante é que, mesmo diante das fartas evidências dos prejuízos causados pelos títulos de capitalização, dados da Federação Nacional de Capitalização (FENACAP) demonstram sua grandeza. Pelo gráfico abaixo vemos que são comercializados anualmente cerca de R$20 Bilhões em títulos de capitalização.

A magnitude de tais valores pode ser atribuída a três fatores: 1) desinformação da população de forma geral (ausência de educação financeira); 2) atração pelo lucro "fácil", consubstanciado na chance de ser sorteado; 3) propaganda, buscando dar ao produto um caráter de investimento e poupança. A vídeo abaixo é bom exemplo deste último fator:

Da próxima vez que for investir não haja por impulso. Pare, estude, pense, faça as contas. Cuide bem do seu dinheiro!